
O caminho é o mesmo, árduo e cansativo. Passo a maior parte do tempo conversando comigo mesmo, reconhecendo os meus erros e medos, olhando pra minha história de uma nova perspectiva. E é assim que eu me sinto, pois da janela do carro eu já não vejo a paisagem, vejo uma história que a muito deixou de me pertencer, vejo um caminho novo a seguir, vejo motivos e razões que me fazem entender que de nada me arrependo, pois mesmo podendo mudar, eu ainda deixaria tudo como está.
As nuvens não são as mesmas que acompanharam a minha dor, aquelas eram escuras e pesadas, nuvens de um temporal que a muito deixei pra trás, essas são brancas e leves. Ao olhá-las sinto uma sensação de doçura que não lembra em nada o amargo daqueles tempos. Mas ainda me sinto em casa, mesmo me afastando cada vez mais. Eu continuo seguindo, e não encaro isso como uma fuga, afinal durante todo esse tempo os meus problemas me acompanharam, agora não seria diferente, mas sinto como se a bagagem tivesse diminuído ou apenas se tornado agradável. Era isso que eu esperava, levar a mesma bagagem, mas encará-la não como um fardo, mas como algo necessário e fundamental para completar a minha viagem.
Eu derramei muitas lágrimas aqui, nesse mesmo caminho, nesta mesma estrada. E ainda assim não considero isso uma fraqueza, a forma como adimito minhas lágrimas e minha dor não são tipicas de alguém fraco, ao contrário, demostram a minha força e coragem em enfrentar e assumir aquilo que mais me assusta. Mas hoje não chorei, não há motivos para lágrimas o dia está tranquilo, e a muito tempo essa é a minha rotina, dias tranquilos e agradáveis. E assim será por um tempo indefinido, que não pertence a mim estimar, espero apenas que uma coisa seja eterna, quero sentir pra sempre a sensação de ter um lugar no mundo, uma sensação de estar de alguma forma completa ao lado de quem ao meu lado está.